A seita tem um radar (XVIII)
Pedro Picoito é aqui um Amigo de Peniche (na nossa acepção)!
"Afinal, Peniche é de todos nós, os que hoje queremos viver em democracia e economia livre, ou apenas da esquerda?
Semelhantes reservas, que são as de muitos portugueses, põem em causa a pureza antifascista do Forte. A democracia também consiste na prosaica existência de grandes empresas que ganham dinheiro com as férias da burguesia. Porque é que o lucro e o lazer não podem coexistir com um monumento ao antifascismo? Porque é que o passado da esquerda goza do privilégio da intangibilidade?
Da resposta a estas perguntas depende o que faremos em Peniche, mas não é só disso que se trata. Trata-se da imagem que queremos construir de nós próprios. Numa obra célebre, Françoise Choay define o património como um espelho da sociedade. Os monumentos que conservamos e o que conservamos dos monumentos dizem-nos mais sobre o presente do que sobre o passado. O património é uma alegoria da identidade colectiva. Se hoje o PCP e a Câmara de Peniche, nas mãos de um comunista, aceitam a exploração comercial de uma pousada no forte, quer dizer que aceitam as regras da economia de mercado em que vivemos, talvez em nome de um bem maior: a criação de emprego. Curiosamente, é a Associação Não Apaguem a Memória que parece recusar essas regras em nome da pureza mítica do ideal antifascista."
"Afinal, Peniche é de todos nós, os que hoje queremos viver em democracia e economia livre, ou apenas da esquerda?
Semelhantes reservas, que são as de muitos portugueses, põem em causa a pureza antifascista do Forte. A democracia também consiste na prosaica existência de grandes empresas que ganham dinheiro com as férias da burguesia. Porque é que o lucro e o lazer não podem coexistir com um monumento ao antifascismo? Porque é que o passado da esquerda goza do privilégio da intangibilidade?
Da resposta a estas perguntas depende o que faremos em Peniche, mas não é só disso que se trata. Trata-se da imagem que queremos construir de nós próprios. Numa obra célebre, Françoise Choay define o património como um espelho da sociedade. Os monumentos que conservamos e o que conservamos dos monumentos dizem-nos mais sobre o presente do que sobre o passado. O património é uma alegoria da identidade colectiva. Se hoje o PCP e a Câmara de Peniche, nas mãos de um comunista, aceitam a exploração comercial de uma pousada no forte, quer dizer que aceitam as regras da economia de mercado em que vivemos, talvez em nome de um bem maior: a criação de emprego. Curiosamente, é a Associação Não Apaguem a Memória que parece recusar essas regras em nome da pureza mítica do ideal antifascista."
Imagem: A persistência da Memória
Salvador Dali