terça-feira, setembro 25, 2012

Más artes

Esta ausência de mais de uma semana no blogue deve-se também a uma profunda deceção.
Participei na manifestação de 15 de setembro, em Peniche. Algo ingenuamente, concluo-o agora. Julguei-me a lutar contra este conluio que há longos anos se instalou em Portugal e que, na maior promiscuidade, lá vai montando negócios desastrosos para o Estado, na conivência de impunes governantes, para enriquecimento de ambos, e com a fatura a ser invariavelmente apresentada à maioria dos portugueses. Esta situação, algo permitida pela passividade portuguesa perante a “espertalhice” de alguns dos nossos políticos, gerou um endividamento externo que compromete o nome de Portugal e com o qual não podemos falhar. Este condenável comportamento foi (e é) transversal a várias forças políticas e não se compadece de mais umas trocas de cadeiras. Há que assumir com todos os sacrifícios as nossas dívidas externas, mas denunciar todos os obscuros negócios (PPP e quejandos) e os seus promotores que estão na base desta periclitante situação. Denunciá-los, julgá-los, condená-los, linchá-los na praça pública e partir para uma era de outra responsabilidade política e cívica, renovada de todas as ligações inquinadas entre políticos e capital. Foi por isso que saí à rua no dia 15 de setembro. Não acredito que alguma das forças políticas atuais tenha capacidade para inverter esta situação. Julgava-me a lutar contra isso. Mas não! Logo a oposição pegou num milhão de descontentes e usou-a em proveito próximo, para se aproximar mais do poder. Estão em causa os excessivos (mas intocáveis) 230 lugares do parlamento, outros mais ainda no governo e aparelho de estado, com todas as regalias e benesses, a que se juntam as ligações diretas e indiretas e os corredores franqueados a muitos conselhos de administração das principais empresas portuguesas, perfazendo uma vida financeiramente tranquila, com futuro regalado.
Tenham vergonha!!!

11 contributos:

At 25/9/12 17:35, Anonymous Anónimo disse...

a responsabilidade do estado a que Portugal chegou, não é dos politicos, mas sim de quem os colocou no poleiro!
Deixemo-nos de fugir com o rabo á seringa e de atirar as culpas para os outros!
Os culpados são os abstencionistas e os eleitores do PS, PSD e CDS e mais ninguém.
Estes que se cheguem á frente e assumam as responsabilidades, visto que por culpa deles pagam todos.

 
At 26/9/12 10:15, Blogger jp disse...

Os culpados não são os que seguem ideologias mas os que se deixam enganar pelas máquinas partidárias que controlam o país apoiadas em três grandes pilares, o suporte do capital, o controlo dos media e o voto do ingénuo povo.
Veja-se o caso dos pequenos (e alguns interessantes) partidos que entretanto têm surgido e que soçobram, abafados por essa bem urdida conjuntura.
Tem da existir alternativa a este fartar vilanagem!

 
At 26/9/12 10:28, Anonymous Anónimo disse...

Caro JP, hoje em dia, só se deixa "enganar" quem quer.
Ninguém obriga o "ingénuo" Povo a votar em quem vota.
Uma vez mais, reafirmo que os cidadãos portugueses são os responsáveis e não as "vitimas enganadas, ingénuas e inocentes".
Foram eles, que por esolha consciente e de moto próprio, decidiram que o Pais levasse o rumo que levou.
O resto são as habituais desculpas: a culpa é dos "politicos", dos "arbitros", do "mau tempo" ou das "correntes de ar".
Já chega de choramingar, irra.

 
At 26/9/12 11:06, Blogger jp disse...

E, dentro da panóplia política atual, que soluções então restam aos eleitores elucidados, sagazes, esclarecidos, para inverter esta galopante situação?
Quer partilhar connosco?

 
At 26/9/12 12:40, Anonymous Anónimo disse...

se as pessoas não se revêm nas alternativas existentes, deverão chegar-se á frente, organizar-se e constituir e construir elas próprias essa alternativa.
agora, se ficarem sentados no sofá, dificilmente chegarão a "elucidados, sagazes e esclarecidos", não passando de meros "treinadores de bancada".
é muito mais fácil ser intelectual de café que operário da vida.

 
At 27/9/12 06:21, Anonymous Anónimo disse...

Porque não iniciar esse descontentamento ao nível da política local? Peniche mantém os mesmo problemas (sociais) de há décadas atrás. O Caus urbanístico dentro da cidade mantêm-se. Há regulamentos municipais que teimam em não ser cumpridos. Os poucos jovens que podem prosseguir estudos nunca têm oportunidade de trabalho cá. As barracas do povo cigano teimam em clonar-se à velocidade da luz. Não temos uma biblioteca/edifício cultural digno desse registo. Assistimos a um conjunto de realizações que uma junta de freguesia suspira por conseguir (rotundas, asfaltamentos, arranjar a telha da casa da ti mariquinhas, etc.) Parece muito pouco para que se possa chamar a isto desenvolvimento, muito menos Amar Peniche, como se disse. Bom, resta-nos o surf. Peniche precisa de alguém que deixe de pensar em fazer carreira política à custa do sacrifício das suas gentes. Gastar dinheiro em viagens ao estrangeiro, em nome de Peniche, num momento tão delicado como o que vivemos, é no mínino de uma enorme falta de sensatez.

 
At 27/9/12 09:39, Anonymous Anónimo disse...

então e chegar-se á frente e fazer qualquer para mudar isso?

 
At 30/9/12 13:12, Blogger José Carlos Romão disse...

Eu fico estupefacto porque toda a contestação popular se baseia no apoio às políticas que nos levaram à situação em que estamos, tais como o despesismo do estado e a fraca competitividade da indústria portuguesa.
Não vejo o povo a defender a criação de mecanismos que tragam investimento estrangeiro ou o corte em tudo o que o estado financia e não é prioritário (RTP, TAP...).
O povo tem mostrado ser extremamente egoísta, e ao não defender a sustentabilidade do estado, arrisca-se a daqui a escassos anos o estado deixar de poder albergar seja o for, essencial ou não.

 
At 1/10/12 09:45, Anonymous Anónimo disse...

Ora bem, ficamos a saber que o Povo (aquele pessoal que leva 400/500 Euros para casa ao fim do mês) é egoista.
E tambem que a contestação se baseia no apoio ás medidas que nos levaram á situação em que estamos: PPP's, Fundações, Assessorias Juridicas, Nomeações pagas a peso de ouro para Conselhos de Administrações, etc...
Seria cómico, se não fosse trágico.

 
At 2/10/12 01:32, Anonymous Anónimo disse...

Caro José Romão, como esclarecimento, gostaria de informar que a crise começa nos mercados não devidamente regulados e com a bolha imobiliário nos USA. Os bancos concederam créditos como rebuçados e agora quem paga a crise é o povo. Não, o povo não é egoísta, o povo pouco tem. Em relação à competitividade da economia, essa aumentará, certamente, se os trabalhadores não forem pagos mal, muito mal. Os empresários devem ser os primeiros a dar esse sinal. A si, a crise, pelo que diz não lhe toca. Tente procurar a realidade e perceber porque os portugueses protestam, verá que há pessoas com falta de comida em casa, medicamentos, etc. Chama a isto EGOÍSMO? Lamentável...
E não sou militante da esquerda radical, sou realista.

 
At 7/10/12 16:38, Blogger José Carlos Romão disse...

Caro anónimo, a situação mexe comigo também. Como estudante de engenharia, sei que para ter o mínimo de condições vou ter de emigrar assim que acabar o curso, tal como muitos dos meus colegas e outros da chamada "massa cinzenta" portuguesa. Pela minha parte não me armo em vítima e encaro-o com espírito de aventura. Creio que o país é que perde mais, pois andou a investir em nós e agora somos forçados a contribuir com o nosso conhecimento e dinheiro para outro país.
E sim, há pessoas muito mal neste país, mas não são essas que andam por aí a criticar a privatização da RTP ou o corte nas fundações. A verdade é que em tempos mais prósperos há dinheiro para tudo, agora se a população no geral critica acefalamente cada corte que o estado faz sem apresentar alternativas não está a contribuir para sairmos deste buraco.

 

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