Não ser hoje um ativo Amigo de Peniche, é sê-lo na aceção histórica.
terça-feira, março 06, 2007
10000 visitas....
Algures durante o dia de hoje o sitemeter do "Amigos de Peniche" ultrapassou as 10000 visitas. Aos leitores habituais incito a mais intervenção e provocação. Aos ocasionais, que não se esqueçam de voltar. E a todos agradeço a participação e a cumplicidade ao longo destas mais de 300 "postas"....
No distante ano lectivo de 1988/89 exercia eu funções de dirigente estudantil no externato atlântico, aqui em Peniche, quando fui incumbido da tarefa “oficial” de me deslocar a Lisboa – sendo, para o efeito, portador de um grande ramo de flores e uma placa comemorativa dos 25 anos daquela instituição de ensino - a fim de visitar e parabenizar um velho Professor, visita habitual da nossa casa.
Munido das oferendas, convicto do papel institucional a desempenhar, pus-me a caminho da capital num autocarro “solexpresso” com uma morada cuidadosamente anotada num papelinho por forma a que não desse o passeio à Nossa Senhora da asneira.
Chegado a Lisboa, fiz-me ao Princípe Real, num dia que me recordo de sol esplendoroso e, aí chegado, rumo a uma pequena ruela designada por “Travessa do Abarracamento de Peniche”.
Toquei à campainha de um prédio - daqueles como tantos outros naquela zona de Lisboa – e, aberta a porta, subi com algum nervosismo uma escada de madeira que impressionava tanto pelo ranger dos degraus como pelo cheiro intenso que fazia lembrar que no 2.º (ou 3.º andar, não me recordo exactamente) morava um amante de felinos.
Ao topo da escada, com um sorriso em tudo idêntico ao de qualquer outro octogenário, lá estava ele. O velho Professor Agostinho da Silva.
Naquele dia tinha-me cabido a mim (por mero acaso e sem o ter encomendado) visitar o homem que por diversas vezes tanto nos tinha fascinado em visitas a Peniche. E a verdade é que, por conseguir também chegar à nossa idade (à altura) e aos nossos interesses, ele nos fascinava mesmo.
Ali estava eu em casa do Professor que em Peniche, nos Remédios, dizia que lhe bastaria uma mesa e uma cadeira para ali poder trabalhar. O homem que, numa altura de “numerus clausus”, nos alimentou os sonhos como se viéssemos a ser cavaleiros desta ou daquela profissão, fazendo simplesmente acreditar que valia a pena acreditar.
Os meus sentidos, recordo-me, gravitavam por todo o lado, tentando perscrutar como vivia aquele génio que tinha na minha frente. Rapidamente pasmei, na parede, um poster de Einstein. Também ele tinha as suas admirações, pensei. Rapidamente percebi que vivia simplesmente. Vivia rodeado de livros. Vivia rodeado de gatos. Vivia rodeado por um gato semi-selvagem que me obrigou a estar vigilante durante todo o tempo em que estive na sua companhia. Vivia rodeado de escritos.
Durante o tempo em que estive na sua companhia, uma vez mais, tive o privilégio de “receber” uma aula do Professor Agostinho da Silva. Uma vez mais, o Homem, o Filósofo, o Professor, soube conquistar-me a atenção, o respeito, o fascínio, e soube, uma vez mais, ensinar-me a sonhar.
Nunca mais demarquei esta relação entre o Professor Agostinho da Silva e Peniche, fosse pela coincidência da sua morada, tão intimamente relacionada com o episódio histórico que veio dar origem ao anátema dos “Amigos de Peniche”, fosse efectivamente pelo prazer que por diversas vezes manifestou em deslocar-se a esta localidade. O facto é que os momentos ficaram e perduram. O sonho continua vivo.
Um reparo: tanto quanto sei, a Travessa do Abarracamento de Peniche nada tem que ver com o episódio histórico que veio dar origem ao anátema dos “Amigos de Peniche”. A versão que conheço é que perto daquele local (se bem me recordo entre a Rua do Século e Travessa da Palmeira) foi onde ficou aquartelado/acampado o Regimento de Infantaria 13 (antigo Regimento de Peniche), chamado à capital para ajudar nas difíceis tarefas de evitar pilhagens e manter a ordem pública, logo após o terramoto de 1755.
Obrigado a todos. Vou-me esforçar para continuar à altura da vossa participação.
Caro brc, Tive conhecimento da estreita relação do Prof. Agostinho da Silva com Peniche e com o Externato em particular, numa sessão do Rotary Club de Peniche, onde se comemorou o centenário do seu nascimento. Fiquei surpreendido com os vários testemunhos relatados na primeira pessoas desse relacionamento próximo e emocional. Na altura publiquei este post: "http://amigos-de-peniche.blogspot.com/2006/10/agostinho-da-silva.html" É notório no seu comentário, que também foi tocado pela marcante personalidade do professor.
Cara xf, Por esta altura, já todos os leitores assimilaram que as excelentes fotos inéditas deste blogue são quase sempre da autoria de xf, a quem é justo endossar parte dos parabéns. Ter a colaboração dum freelancer deste calibre é, como dizes, uma garantia de prestígio.
Até já são muitas mais que 10000.
Para aí dez mil e nove....
No distante ano lectivo de 1988/89 exercia eu funções de dirigente estudantil no externato atlântico, aqui em Peniche, quando fui incumbido da tarefa “oficial” de me deslocar a Lisboa – sendo, para o efeito, portador de um grande ramo de flores e uma placa comemorativa dos 25 anos daquela instituição de ensino - a fim de visitar e parabenizar um velho Professor, visita habitual da nossa casa.
Munido das oferendas, convicto do papel institucional a desempenhar, pus-me a caminho da capital num autocarro “solexpresso” com uma morada cuidadosamente anotada num papelinho por forma a que não desse o passeio à Nossa Senhora da asneira.
Chegado a Lisboa, fiz-me ao Princípe Real, num dia que me recordo de sol esplendoroso e, aí chegado, rumo a uma pequena ruela designada por “Travessa do Abarracamento de Peniche”.
Toquei à campainha de um prédio - daqueles como tantos outros naquela zona de Lisboa – e, aberta a porta, subi com algum nervosismo uma escada de madeira que impressionava tanto pelo ranger dos degraus como pelo cheiro intenso que fazia lembrar que no 2.º (ou 3.º andar, não me recordo exactamente) morava um amante de felinos.
Ao topo da escada, com um sorriso em tudo idêntico ao de qualquer outro octogenário, lá estava ele. O velho Professor Agostinho da Silva.
Naquele dia tinha-me cabido a mim (por mero acaso e sem o ter encomendado) visitar o homem que por diversas vezes tanto nos tinha fascinado em visitas a Peniche. E a verdade é que, por conseguir também chegar à nossa idade (à altura) e aos nossos interesses, ele nos fascinava mesmo.
Ali estava eu em casa do Professor que em Peniche, nos Remédios, dizia que lhe bastaria uma mesa e uma cadeira para ali poder trabalhar. O homem que, numa altura de “numerus clausus”, nos alimentou os sonhos como se viéssemos a ser cavaleiros desta ou daquela profissão, fazendo simplesmente acreditar que valia a pena acreditar.
Os meus sentidos, recordo-me, gravitavam por todo o lado, tentando perscrutar como vivia aquele génio que tinha na minha frente. Rapidamente pasmei, na parede, um poster de Einstein. Também ele tinha as suas admirações, pensei. Rapidamente percebi que vivia simplesmente. Vivia rodeado de livros. Vivia rodeado de gatos. Vivia rodeado por um gato semi-selvagem que me obrigou a estar vigilante durante todo o tempo em que estive na sua companhia. Vivia rodeado de escritos.
Durante o tempo em que estive na sua companhia, uma vez mais, tive o privilégio de “receber” uma aula do Professor Agostinho da Silva. Uma vez mais, o Homem, o Filósofo, o Professor, soube conquistar-me a atenção, o respeito, o fascínio, e soube, uma vez mais, ensinar-me a sonhar.
Nunca mais demarquei esta relação entre o Professor Agostinho da Silva e Peniche, fosse pela coincidência da sua morada, tão intimamente relacionada com o episódio histórico que veio dar origem ao anátema dos “Amigos de Peniche”, fosse efectivamente pelo prazer que por diversas vezes manifestou em deslocar-se a esta localidade. O facto é que os momentos ficaram e perduram. O sonho continua vivo.
Com um abraço de parabéns.
BRC
Um reparo: tanto quanto sei, a Travessa do Abarracamento de Peniche nada tem que ver com o episódio histórico que veio dar origem ao anátema dos “Amigos de Peniche”. A versão que conheço é que perto daquele local (se bem me recordo entre a Rua do Século e Travessa da Palmeira) foi onde ficou aquartelado/acampado o Regimento de Infantaria 13 (antigo Regimento de Peniche), chamado à capital para ajudar nas difíceis tarefas de evitar pilhagens e manter a ordem pública, logo após o terramoto de 1755.
Parabéns!!! :D
Já agora: são fotos como a do post anterior que ajudam ao prestígio da coisa! ;)
Agradeço-lhe o reparo. Falta de rigor da minha parte.
Obrigado a todos.
Vou-me esforçar para continuar à altura da vossa participação.
Caro brc,
Tive conhecimento da estreita relação do Prof. Agostinho da Silva com Peniche e com o Externato em particular, numa sessão do Rotary Club de Peniche, onde se comemorou o centenário do seu nascimento. Fiquei surpreendido com os vários testemunhos relatados na primeira pessoas desse relacionamento próximo e emocional. Na altura publiquei este post: "http://amigos-de-peniche.blogspot.com/2006/10/agostinho-da-silva.html"
É notório no seu comentário, que também foi tocado pela marcante personalidade do professor.
Cara xf,
Por esta altura, já todos os leitores assimilaram que as excelentes fotos inéditas deste blogue são quase sempre da autoria de xf, a quem é justo endossar parte dos parabéns.
Ter a colaboração dum freelancer deste calibre é, como dizes, uma garantia de prestígio.