Enquanto pensa em novos posts (não que os actuais não contenham sempre ampla novidade!), deixo-lhe mais uma das descobertas que vou fazendo aí pelo éter.
Desta feita, trata-se de um Amigo penicheiro que escreve sentida e primorosamente poesia de "primeira apanha".
Em duas palavras, "notável e profundo":
«O sal que das tuas asas se desprende denuncia o mar onde adormece a chuva que obliqua fere as teclas do piano minimal berço de corpos desabitados de amor descansam desertos de energia os corações estremecem metodicamente ao atravessar do sangue a presa e o caçador abraçam-se na derradeira paixão que antecede a morte as mãos dadas ao suor que destrói para sempre as ervas daninhas do passado na transfiguração da luz um presente uma fuga dolorosa uma crueldade mimética absurda oração das mãos que se não são um piano neste quarto gradeado um tumulto nostálgico como um virar de página o tempo que escorre e afoga o naufrago gota a gota.
Levantou-se relembrou todas as letras que dos poemas sabia existirem e a golpes de azul desapareceu por entre alquimias de fumos de cigarros
Notável e Profundo são as únicas palavras inscritas na sua lápide.»
(Carlos Ramos, Notável e profundo in "As mãos por dentro do corpo" [http://penichecarlos.blogspot.com/])
Um abraço e os meus sinceros votos de um Bom Natal.
Boa viagem...a julgar pelo xadrez...
xf
Olá JP,
Enquanto pensa em novos posts (não que os actuais não contenham sempre ampla novidade!), deixo-lhe mais uma das descobertas que vou fazendo aí pelo éter.
Desta feita, trata-se de um Amigo penicheiro que escreve sentida e primorosamente poesia de "primeira apanha".
Em duas palavras, "notável e profundo":
«O sal que das tuas asas se desprende denuncia o mar onde adormece a chuva que obliqua fere as teclas do piano minimal
berço de corpos desabitados de amor
descansam desertos de energia
os corações estremecem metodicamente ao atravessar do sangue
a presa e o caçador abraçam-se na derradeira paixão que antecede a morte
as mãos dadas ao suor que destrói para sempre as ervas daninhas do passado na transfiguração da luz
um presente
uma fuga dolorosa
uma crueldade mimética
absurda oração das mãos que se não são
um piano neste quarto gradeado
um tumulto nostálgico como um virar de página
o tempo que escorre e afoga o naufrago gota a gota.
Levantou-se
relembrou todas as letras
que dos poemas sabia existirem
e a golpes de azul
desapareceu por entre alquimias
de fumos de cigarros
Notável e Profundo
são as únicas palavras inscritas na sua lápide.»
(Carlos Ramos, Notável e profundo in "As mãos por dentro do corpo" [http://penichecarlos.blogspot.com/])
Um abraço e os meus sinceros votos de um Bom Natal.