Meio século
Também faço 50 anos em 2012.
Logo na minha adolescência, quando ganhei suficiente independência para, como bom português, partir à descoberta do meu então pequeno mundo, deparei-me com fossos, muralhas, baluartes e fortalezas, grutas, praias e vestígios de naufrágios, ilhas, ilhéus e rochedos, fontes, ruínas e lendas. Todo um imenso património e uma deslumbrante paisagem que desde sempre me aguçaram a curiosidade e a que é impossível ficarmos alheios em Peniche.
Cansado de aventuras, recuperava fôlego folheando um livro que lá em casa havia e que contava todas as histórias por trás dos sítios que acabara de ver. Livro onde os quês e os porquês soçobravam, ficando o sonho das lendas que embalavam ao deitar.
Hoje permaneço curioso, continuando a querer saber as causas de todas as coisas, mas sem descurar que, para além de todos os rigores históricos e científicos, existe uma outra visão poética, sonhadora, que nunca deveremos menosprezar.
Foi essa a lição que retirei deste livro!
Tenho 21 anos e ainda antes de saber ler foi a partir desse livro que comecei a descobrir os meus interesses e fascínios. Sem esse livro, não sei até que ponto eu seria a pessoa que sou hoje. No meu Peniche na História e na Lenda rasgado, sujo e cheio de fita-cola está lá uma dedicatória do professor - "José Carlos, continue! A vida é feita de sonhos." E é essa a melhor frase que me ocorre para descrever Mariano Calado.