Não ser hoje um ativo Amigo de Peniche, é sê-lo na aceção histórica.
quinta-feira, março 08, 2007
O que a memória conserva
Numa cidade onde já consta homenagem ao pescador e à rendilheira, soa injusta a lacuna para com a valorosa e esforçada contribuição da operária fabril penicheira, que tão arduamente tem contribuído para o progresso da cidade.
No Dia Internacional da Mulher, é para ela a minha reconhecida homenagem.
A propósito da votação q estão a promover, um pequeno comentário: para criar a tal "Marca Peniche" é preciso antes de mais nada saber qual o factor diferenciador de Peniche em relação a outras localidades do nosso país. Em relação às hipóteses propostas:
Praia: todas as cidades costeiras as têm e muitas até as têm tão boas ou melhores. Neste capítulo o Algarve (goste-se ou não), já leva 30 anos de avanço no que diz respeito à promoção das suas praias. Para além disso, como sabemos, o clima em em Peniche está cheio de surpresas desagradáveis.
Mar: idem. Com a Ericeira a vender-se como "onde o mar é mais azul" e Setúbal/Troia no mesmo caminho.
Pesca/Peixe: com uma indústria pesqueira moribunda e sem restaurantes que façam a diferença em termos qualitativos, Peniche já perdeu a corrida de "Cidade da Pesca" há muito tempo para cidades algarvias, Setúbal e Matosinhos. Festivais da Sardinha são mais que muitos, e para além do clássico peixe grelhado no carvão, a falta de qualidade dos restaurantes é gritante (muitos continuam a impingir peixe de qualidade e frescura duvidosa com a lota do outro lado da rua). Faltam restaurantes que entrem de caras nos guias e que levem as pessoas a precorrer 100 km só para lá ir.
Turismo: um tema que também pode ser facilmente apropriado por dezenas de outras cidades, com muito melhores infra-estruturas de apoio. Basta ver a deficiente oferta hoteleira em Peniche, não só em termos quantitativos mas sobretudo em termos qualitativos. Mais uma vez, o clima não ajuda.
Sobra o Surf: na minha opinião é aquilo que Peniche tem de mais diferenciador. Com uma localização geográfica única na Europa, permite ter boas condições de prática em 90% dos dias do ano. Em Portugal e na Europa não há igual. Ao longo dos anos conseguiu ganhar esta reputação em todo o mundo apenas com "word of mouth" e artigos em revistas do meio. Sem uma única campanha de promoção nacional ou internacional. O mercado do surf movimenta nos dias que correm milhões e milhões de euros e Peniche pode beneficiar desses milhões, captando turistas internos (portugueses) e o numero cada vez maior de estrangeiros que viajam pelo mundo em busca de ondas. Para os europeus, o nosso país tem um clima que permite a prática o ano todo e está convenientemente localizado a umas meras 3 ou 4 horas do centro da Europa. Isto pode significar ocupação hoteleira fora das épocas altas, maior dinamismo no comércio (lojas, restaurantes, supermercados, etc) e consequente desenvolvimento económico, com o surgimento de novos negócios e consequente criação de empregos. Porque os tempos do surfista "pé descalço" a dormir na carrinha "pão de forma" já lá vão. Hoje, a grande maioria tem dinheiro para gastar e quer juntar a ondas inesquecíveis uma estadia igualmente inesquecível, com boas dormidas e boas experiências gastronómicas. Há exemplos práticos disto: em Espanha, Tarifa para os windsurfistas e em França, Biarritz/Hossegor.
Peniche é como uma mulher boa e bonita, so que, nunca se quiz arranjar, no dia em que ela o fizer mete as outras todas a um canto, por isso mais vale tarde que nunca. PS. as praias de peniches sao simplesmente as melhores de portugal para nao dizer da europa, estou farto de ouvir falar de tal praia que tem isto e aquilo etc etc, muitas vezes uma pedra de cristal parece ser muito bonita porque foi lapidada, neste caso Peniche é um diamante que ainda nao foi....... um abraço
Agradeço a sua participação que muito elevou esta sondagem. Gostei de ler a sua lúcida análise. A sua conclusão final tem argumentos fortes que merecem ser considerados, e o modo como os expôs tornam esta imagem de Marca para Peniche bastante atractiva.
Já no que toca às outras permissas, há alguns pontos em que não estou em total acordo. A saber..
Praia: O clima é de facto um óbice, mas a não lotação, a facilidade de acesso, a polivalência de enquadramentos e de exposição ao vento, a proximidade de Madrid e de Lisboa e claro a Praia de Peniche de Cima/Baleal que é uma das melhores do país, podem valer a diferença.
Mar: Peniche é a cidade mais ocidental da Europa. Este abraço de mar que quase envolve totalmente Peniche, é único e atrevo-me a dizer denota alguma paixão que deverá ser retribuída. Quem já viu a península de Peniche de cima, não a esquecerá nunca como uma das mais belas singularidades do litoral. "A cidade que o mar abraça" é slogan que já ouvi por aí e portanto ficou no ouvido pelo menos.
Pesca/Peixe: Aqui a iniciativa terá de partir da restauração e concordo que o caminho não é a sardinha, mas sim a gastronomia de renome. Não é portanto adequado para uma aposta institucional.
Turismo: Também aqui concordo que o tema é demasiado vago e pouco diferenciador.
Totalmente de acordo, caro JP. Longe de mim querer subestimar a qualidade das praias de Peniche ou a sua relação priveligiada com o mar. Aliás, se assim não fosse, não teria a relação que tenho com o Concelho de Peniche desde que nasci, e já lá vão 33 anos. Todas as semanas estou aí, e só não moro porque a minha vida profissional não permite. A propósito, no meu comentário anterior falou a opinião de quem trabalha e cria marcas como profissão. E quando o fazemos, a primeira coisa que temos que encontrar é "O" ponto diferenciador, o "plus" em relação à concorrência. Pontos fortes ou potencialmente fortes Peniche tem muitos (Mar e Praias são apenas uns), mas ÚNICO, na minha opinião só mesmo as condições ideais para o surf. Quem dera que todos os produtos (detergentes, automóveis, shampoos, etc, etc, etc) tivessem um "plus" tão claro e tão evidente. Isto não invalida uma aposta nos outros pontos, que devem funcionar como suporte e complemento ao ponto mais forte. O efeito pretendido seria que quem planeasse passar uma semana de férias em Peniche pensasse automaticamente: "Vou apanhar ondas de sonho, num cenário maravilhoso. Vou dormir em sítios agradáveis e comer o peixe mais fresco que alguma vez provei". Este seria o racional por trás de uma assinatura que - se tivesse tradução para inglês - poderia muito bem ser: "Peniche tem boa onda".
como pessoa que trabalha na região, em actividade directamente relacionada com o turismo e com a envolvente da discussão acima desenvolvida, devo dizer que concordo com a generalidade dos pontos expressos por JP e PB. Acrescentaria no entanto que existem coisas tão simples como essenciais que poderiam/deveriam ser realizadas no imediato e sem implicar grande investimento: ordenar o estacionamento durante o verão. É um "pesadêlo" o circular/estancionar no Verão. É perigoso e estéticamente uma verdadeira imagem de 3º mundo, que como podem imaginar afasta turistas na proporção inversa em que atrai "bandidos"; bandidos esses que durante o verão se dedicam, com sucesso e impunidade total, a roubar os carros de turistas nacionais e internacionais com o decorrente prejuízo pessoal dos lesados e da região que começa a ficar sériamente conotada (eu frequento muitos sites/blogs/foruns internacionais relacionados com o turismo de surf, e sei do que estou a falar)com esse problema. Posso deixar um dado para reflectir: A despesa corrente bem como na generalidade o próprio orçamento da CMP apresenta uma despesa com pessoal que ronda os 45% do "bolo"!!!? Agora alguém me explica como é que se pode ter um projecto para o futuro deste concelho quando confrontado com estes numeros? Como poderá existir um projecto de investimento/qualificação da região quando a CMP tem cerca de 5x número de funcionários quando comparada com a CM de Óbidos. Aliás sugiro aos responsáveis autárquicos que olhem um pouco para o trajecto desse concelho nos ultimos 15 anos e interroguem-se como é possível que Peniche esteja como está?
Passando sobre as diversas questões que introduz no seu comentário, termina lançando um tema para reflexão. Pois bem, reflecti, não vejo no entanto que a redução das despesas correntes da autarquia, embora desejável, tenha uma relação directa com os projectos de investimento que, segundo me parece também, se pretendem privados e não públicos.
Quanto ao sobredimensionamento da CMP, embora seja evidente que é uma máquina excessivamente pesada, acha sinceramente comparável o município de Óbidos com o de Peniche? Devolvo à sua reflexão.
Caro mu relativamente ao seu comentário não posso concordar com a última parte. Só três exemplos para reflectir: 1-Compare o tamanho da Vila de Óbidos com o da Cidade de Peniche; 2- Compare a extensão do Concelho de Óbido com a extensão do Concelho de Peniche; 3- Compare o número de habitantes de Óbido com o número de habitantes de Peniche
E poderiamos continuar, mas só por aqui poderá tirar uma ideia do porquê do nº de trabalhadores da Câmara de Peniche ser muito superior ao de Óbidos. Para terminar gostaria de referir que o "cavalo de batalha" sobre o peso dos funcionários públicos é na minha opinião uma grande asneira, pois são eles e praticamente só eles que suportam a segurança social de todos nós, pois aí não há possibilidade de fuga, e se formos ver as estatísticas, os paíse mais avançados da da Europa tem um nº(%)muito mais elevado do que nós de funcionalismo público.
A propósito da votação q estão a promover, um pequeno comentário: para criar a tal "Marca Peniche" é preciso antes de mais nada saber qual o factor diferenciador de Peniche em relação a outras localidades do nosso país. Em relação às hipóteses propostas:
Praia:
todas as cidades costeiras as têm e muitas até as têm tão boas ou melhores. Neste capítulo o Algarve (goste-se ou não), já leva 30 anos de avanço no que diz respeito à promoção das suas praias. Para além disso, como sabemos, o clima em em Peniche está cheio de surpresas desagradáveis.
Mar:
idem. Com a Ericeira a vender-se como "onde o mar é mais azul" e Setúbal/Troia no mesmo caminho.
Pesca/Peixe:
com uma indústria pesqueira moribunda e sem restaurantes que façam a diferença em termos qualitativos, Peniche já perdeu a corrida de "Cidade da Pesca" há muito tempo para cidades algarvias, Setúbal e Matosinhos. Festivais da Sardinha são mais que muitos, e para além do clássico peixe grelhado no carvão, a falta de qualidade dos restaurantes é gritante (muitos continuam a impingir peixe de qualidade e frescura duvidosa com a lota do outro lado da rua). Faltam restaurantes que entrem de caras nos guias e que levem as pessoas a precorrer 100 km só para lá ir.
Turismo:
um tema que também pode ser facilmente apropriado por dezenas de outras cidades, com muito melhores infra-estruturas de apoio. Basta ver a deficiente oferta hoteleira em Peniche, não só em termos quantitativos mas sobretudo em termos qualitativos. Mais uma vez, o clima não ajuda.
Sobra o Surf:
na minha opinião é aquilo que Peniche tem de mais diferenciador. Com uma localização geográfica única na Europa, permite ter boas condições de prática em 90% dos dias do ano. Em Portugal e na Europa não há igual. Ao longo dos anos conseguiu ganhar esta reputação em todo o mundo apenas com "word of mouth" e artigos em revistas do meio. Sem uma única campanha de promoção nacional ou internacional. O mercado do surf movimenta nos dias que correm milhões e milhões de euros e Peniche pode beneficiar desses milhões, captando turistas internos (portugueses) e o numero cada vez maior de estrangeiros que viajam pelo mundo em busca de ondas. Para os europeus, o nosso país tem um clima que permite a prática o ano todo e está convenientemente localizado a umas meras 3 ou 4 horas do centro da Europa. Isto pode significar ocupação hoteleira fora das épocas altas, maior dinamismo no comércio (lojas, restaurantes, supermercados, etc) e consequente desenvolvimento económico, com o surgimento de novos negócios e consequente criação de empregos. Porque os tempos do surfista "pé descalço" a dormir na carrinha "pão de forma" já lá vão. Hoje, a grande maioria tem dinheiro para gastar e quer juntar a ondas inesquecíveis uma estadia igualmente inesquecível, com boas dormidas e boas experiências gastronómicas.
Há exemplos práticos disto: em Espanha, Tarifa para os windsurfistas e em França, Biarritz/Hossegor.
Abraço e um beijinho para As Mulheres
PB
Peniche é como uma mulher boa e bonita, so que, nunca se quiz arranjar, no dia em que ela o fizer mete as outras todas a um canto, por isso mais vale tarde que nunca.
PS. as praias de peniches sao simplesmente as melhores de portugal para nao dizer da europa, estou farto de ouvir falar de tal praia que tem isto e aquilo etc etc, muitas vezes uma pedra de cristal parece ser muito bonita porque foi lapidada, neste caso Peniche é um diamante que ainda nao foi.......
um abraço
Caro pb,
Agradeço a sua participação que muito elevou esta sondagem.
Gostei de ler a sua lúcida análise.
A sua conclusão final tem argumentos fortes que merecem ser considerados, e o modo como os expôs tornam esta imagem de Marca para Peniche bastante atractiva.
Já no que toca às outras permissas, há alguns pontos em que não estou em total acordo.
A saber..
Praia:
O clima é de facto um óbice, mas a não lotação, a facilidade de acesso, a polivalência de enquadramentos e de exposição ao vento, a proximidade de Madrid e de Lisboa e claro a Praia de Peniche de Cima/Baleal que é uma das melhores do país, podem valer a diferença.
Mar:
Peniche é a cidade mais ocidental da Europa.
Este abraço de mar que quase envolve totalmente Peniche, é único e atrevo-me a dizer denota alguma paixão que deverá ser retribuída.
Quem já viu a península de Peniche de cima, não a esquecerá nunca como uma das mais belas singularidades do litoral.
"A cidade que o mar abraça" é slogan que já ouvi por aí e portanto ficou no ouvido pelo menos.
Pesca/Peixe:
Aqui a iniciativa terá de partir da restauração e concordo que o caminho não é a sardinha, mas sim a gastronomia de renome.
Não é portanto adequado para uma aposta institucional.
Turismo:
Também aqui concordo que o tema é demasiado vago e pouco diferenciador.
Um abraço
jp
Totalmente de acordo, caro JP.
Longe de mim querer subestimar a qualidade das praias de Peniche ou a sua relação priveligiada com o mar. Aliás, se assim não fosse, não teria a relação que tenho com o Concelho de Peniche desde que nasci, e já lá vão 33 anos. Todas as semanas estou aí, e só não moro porque a minha vida profissional não permite.
A propósito, no meu comentário anterior falou a opinião de quem trabalha e cria marcas como profissão. E quando o fazemos, a primeira coisa que temos que encontrar é "O" ponto diferenciador, o "plus" em relação à concorrência. Pontos fortes ou potencialmente fortes Peniche tem muitos (Mar e Praias são apenas uns), mas ÚNICO, na minha opinião só mesmo as condições ideais para o surf. Quem dera que todos os produtos (detergentes, automóveis, shampoos, etc, etc, etc) tivessem um "plus" tão claro e tão evidente.
Isto não invalida uma aposta nos outros pontos, que devem funcionar como suporte e complemento ao ponto mais forte. O efeito pretendido seria que quem planeasse passar uma semana de férias em Peniche pensasse automaticamente: "Vou apanhar ondas de sonho, num cenário maravilhoso. Vou dormir em sítios agradáveis e comer o peixe mais fresco que alguma vez provei". Este seria o racional por trás de uma assinatura que - se tivesse tradução para inglês - poderia muito bem ser: "Peniche tem boa onda".
Abraços
como pessoa que trabalha na região, em actividade directamente relacionada com o turismo e com a envolvente da discussão acima desenvolvida, devo dizer que concordo com a generalidade dos pontos expressos por JP e PB. Acrescentaria no entanto que existem coisas tão simples como essenciais que poderiam/deveriam ser realizadas no imediato e sem implicar grande investimento: ordenar o estacionamento durante o verão. É um "pesadêlo" o circular/estancionar no Verão. É perigoso e estéticamente uma verdadeira imagem de 3º mundo, que como podem imaginar afasta turistas na proporção inversa em que atrai "bandidos"; bandidos esses que durante o verão se dedicam, com sucesso e impunidade total, a roubar os carros de turistas nacionais e internacionais com o decorrente prejuízo pessoal dos lesados e da região que começa a ficar sériamente conotada (eu frequento muitos sites/blogs/foruns internacionais relacionados com o turismo de surf, e sei do que estou a falar)com esse problema. Posso deixar um dado para reflectir: A despesa corrente bem como na generalidade o próprio orçamento da CMP apresenta uma despesa com pessoal que ronda os 45% do "bolo"!!!? Agora alguém me explica como é que se pode ter um projecto para o futuro deste concelho quando confrontado com estes numeros? Como poderá existir um projecto de investimento/qualificação da região quando a CMP tem cerca de 5x número de funcionários quando comparada com a CM de Óbidos. Aliás sugiro aos responsáveis autárquicos que olhem um pouco para o trajecto desse concelho nos ultimos 15 anos e interroguem-se como é possível que Peniche esteja como está?
Caro "mu",
Passando sobre as diversas questões que introduz no seu comentário, termina lançando um tema para reflexão. Pois bem, reflecti, não vejo no entanto que a redução das despesas correntes da autarquia, embora desejável, tenha uma relação directa com os projectos de investimento que, segundo me parece também, se pretendem privados e não públicos.
Quanto ao sobredimensionamento da CMP, embora seja evidente que é uma máquina excessivamente pesada, acha sinceramente comparável o município de Óbidos com o de Peniche? Devolvo à sua reflexão.
Caro mu
relativamente ao seu comentário não posso concordar com a última parte. Só três exemplos para reflectir:
1-Compare o tamanho da Vila de Óbidos com o da Cidade de Peniche;
2- Compare a extensão do Concelho de Óbido com a extensão do Concelho de Peniche;
3- Compare o número de habitantes de Óbido com o número de habitantes de Peniche
E poderiamos continuar, mas só por aqui poderá tirar uma ideia do porquê do nº de trabalhadores da Câmara de Peniche ser muito superior ao de Óbidos.
Para terminar gostaria de referir que o "cavalo de batalha" sobre o peso dos funcionários públicos é na minha opinião uma grande asneira, pois são eles e praticamente só eles que suportam a segurança social de todos nós, pois aí não há possibilidade de fuga, e se formos ver as estatísticas, os paíse mais avançados da da Europa tem um nº(%)muito mais elevado do que nós de funcionalismo público.