Entre as brumas da memória...
Nunca como agora, tantas associações, personalidades e quejandos vieram a público manifestar a sua preocupação com a preservação das memórias da Fortaleza de Peniche.
Durante cerca de três décadas, em que todo o recinto foi alvo duma confrangedora degradação, foram basicamente os penicheiros que publicamente se insurgiram contra tal situação e tentaram fomentar condições para que essa memória, a mais recente mas também a secular, fosse condignamente preservada.
Durante cerca de três décadas, em que todo o recinto foi alvo duma confrangedora degradação, foram basicamente os penicheiros que publicamente se insurgiram contra tal situação e tentaram fomentar condições para que essa memória, a mais recente mas também a secular, fosse condignamente preservada.
Finalmente, parece que o resto do país sintonizou nesse desígnio.
Só por isso já devemos estar gratos ao Grupo Pestana e às Pousadas de Portugal.
(foto de Dias dos Reis)
(P.S.: foto inicial retirada a pedido da autora)
Lamentável é o tempo que vai demorar para reabilitar aquele espaço.
Com um bom projecto é possível compatibilizar a pousada e a memória da prosão política.
Provavelmente, mais gente iria saber para que serviu aquele espaço e em que contexto foi utilizado.
ana
"prisão"
O "caso" tomou uma proporção digna da petição acerca dos azulejos de Maria Keil.
Neste caso, também, os peticionantes - refiro-me à associação para a preservação da "memória" - não conhecem nem o monumento, nem o projecto, nem o que efectivamente desejam os locais para aquele espaço.
Sugiro um documentário sobre a Fortaleza, a exibir a título de serviço público pela RTP Memória, uma vez que "Maomé não vai à montanha".
Fica a "estória" dos azulejos que, neste caso, tem a sua piada:
(http://ascausasdajulia.blogspot.com/2008/09/palavras-de-maria-keil-ao-expresso-de.html)
Maria Keil no Expresso de 27 Set 2008
A história dos azulejos que não querem ser defendidos
Maria Keil não compreende como anda a circular uma petição para a reposição dos seus azulejos no Metro
"Em que mundo é que vivemos, que põem coisas assim na Internet sem falar com ninguém?", interroga Maria Keil, a pintora, ilustradora e ceramista, actualmente com 94 anos.
Mais de três mil pessoas já subscreveram na Internet uma petição que a apresenta como vítima do Metropolitano de Lisboa, por este ter destruído alguns dos seus painéis de azulejos. Só que ninguém falou com a artista, que há muito chegou a acordo com a empresa. "A petição é um perfeito disparate", comenta, abismada com a história, "foram pegar nisto agora para quê? Quem querem atingir? É horrível".
O documento apresenta como recente um caso com mais de uma década. A sua criação é um autêntico fenómeno de 'bola de neve' típico da Net e dos blogues. Um pequeno comentário dá origem a um texto inflamado que deturpa os factos e cuja informação todos dão como certa. Em causa está a destruição de alguns dos painéis de azulejos de Maria Keil durante as obras de alargamento e remodelação de estações de Metro ocorridas nos anos 80 e 90. Especialmente em foco está a intervenção na estação dos Restauradores (em 1997), cujos azulejos foram irremediavelmente destruídos, enquanto que os da estação de São Sebastião serão repostos, mantendo o seu aspecto original, de acordo com o estabelecido entre a transportadora e a artista.
Os painéis de azulejos foram criados, a partir dos anos 50, por Maria Keil, que os ofereceu para as primeiras 19 estações do Metro, concebidas pelo seu falecido marido, o arquitecto Francisco Keil do Amaral. Em 1999 a artista criticara, em entrevista ao jornal 'Público', a destruição dos seus painéis dos Restauradores, sem que a empresa lhe tivesse comunicado sequer o que ia fazer. "Agora não posso refilar por me andarem a picar as paredes porque, de facto, dei tudo".
Foi uma referência a essa entrevista — a 9 de Agosto passado, por ocasião do 94º aniversário da artista —, no blogue de Júlia Coutinho ('As Causas de Júlia'), que veio a provocar uma cadeia de reacções.
Samuel Quedas leu o «post» e desenvolveu o assunto no blogue 'Cantigueiro', insurgindo-se por, "ao contrário de quase todos os arquitectos, engenheiros, escultores, pintores e quem quer que seja que veja uma obra pública alterada ou destruída sem o seu consentimento, Maria Keil não tem direito a qualquer indemnização". O bloguista acrescentou que no "Metro de Lisboa há juristas muito bons, que descobriram não ser obrigatório pedir nada, nem indemnizar a autora, de forma nenhuma exactamente porque ela não cobrou um tostão que fosse pela sua obra".
O atear da polémica
O texto não passou despercebido aos autores do blogue 'A Face Oculta da Terra', Carlos Alberto Augusto e Rui Mota, que, o transformaram numa petição.
Entre os signatários da petição — disponível em http://www.petitiononline.com/MK2008PT/petition.html — surgem nomes como o da médica Isabel do Carmo ou da coreógrafa Vera Mantero. Ambas referiram ao EXPRESSO não fazer ideia de que Keil se opõe à petição e que, caso soubessem, muito provavelmente não a teriam apoiado.
O número de signatários continua a crescer, assim como uma onda de críticas à administração do Metro ou à autarquia de Lisboa. Há mesmo um bloguer que já pediu a demissão do actual ministro da Cultura...
Contactado pelo EXPRESSO, Rui Mota diz que vão manter a petição tal como está, porque se trata de "um acto de cidadania" contra o "atentado ao património", independentemente da posição da ceramista sobre o assunto. Samuel Quedas afirma que não é responsável pela petição, que é inteiramente constituída pelo seu texto. Alexandre Costa
acosta@expresso.pt
Não podemos esquecer que estão ali cerca de mais de 300 anos de história. Apesar do facto de ter sido prisão política, também antes há muita história a contar (300 anos).
Cump,
Carapau