Mau tempo na Fortaleza
Gosto da faixa de seixo rolado que no remodelado Campo da Torre permite uma desafogada vista da Fortaleza valorizando todo o conjunto.
Gosto do passadiço em madeira que contornando a Fotaleza por Oeste termina num magnífico miradouro com uma vista soberba sobre o litoral a Sul de Peniche.
Gosto do passadiço em madeira que contornando a Fotaleza por Oeste termina num magnífico miradouro com uma vista soberba sobre o litoral a Sul de Peniche.
Gosto do potencial em termos de iluminação nocturna que os locais anteriores poderão permitir.
Gosto do largo sem viaturas estacionadas e do enorme espaço para se circular, conviver, interagir.
Gosto da calçada que na zona de circulação automóvel substituiu o asfalto.
Gosto do Campo da Torre renovado e entendo que a mudança foi positiva.
Mas não gosto da gravilha!!!
Não consigo compreender como é que toda a extensa área sobrante, zona privilegiada para uso pedonal, foi coberta com este material em que não consigo encontrar vantagens.
Resvala por debaixo dos pés, mexe, mete-se em sandálias, chinelos e tudo o que é calçado aberto, torna o andar penoso. Impede as crianças de brincar, torna perigoso o correr, proíbe as bicicletas. É desagradável, incómodo, traiçoeiro e empurra os peões para a faixa de circulação, onde uma sólida calçada lhes permita uma normal progressão.
Nem sequer me interessa saber quem são os responsáveis por estas "pedras no sapato", mas não tenho dúvidas que rapidamente o actual executivo camarário terá de "descalçar esta bota".
Não será nada que umas belas lajetas amplas e francas, de calcário branco da região, não possam resolver. Assim são as praças mais nobres das mais belas cidades europeias. Dessa Europa avançada e evoluída que tanto almejamos. Onde as vaidades artísticas de arquitectos mimados são cortadas pela faca sóbria do pragmatismo utilitário, da vontade e conhecimento popular e empírico, e pela força da razão tão lógica da contenção orçamental. Experiencialismo que o façam em maquetas e nas galerias! Procurem patrocinadores e mecenas ou brinquem com o dinheiro dos paizinhos! Aqui o senhor apareceu e estenderam-lhe a passadeira. Ele sentiu-se em casa e abusou da arte! Fez mais arte do que obra quando precisávamos de muito mais obra e menos arte. Nem sei como é que a CCDR, tão irredutivel a defender interesses que às vezes ninguém (nem ela própria) compreende, permitiu que se optasse por um piso tão pouco (ou nada!) "acessível" a cadeiras de rodas. Grandes contradições se vêem!
Numa terra tão famosa pela pesca, isto até que poderá abrir caminho a uma nova corrente urbanística:
o chamado Urbanismo do Tout-venant(c'est poisson!).
Pelo que sei, o que estava previsto em vez da gravilha era o saibro, como acontece junto aos monumentos por essa Europa fora.
A responsabilidade da substituição não foi do Arquitecto mas sim da actual Câmara.
E verde? Onde está o verde em toda aquela zona?
Quando eu era puto aquilo era em terra batida. Depois vieram as máquinas e rebentaram com os pedregulhos e fizeram os arruamentos. Pois eu prefiro aquilo como está, pois com tanta opinião acabaria por se transformar noutro impasse sem solução à vista. Outra Ota. A Europa desenvolvida é aquela que decide e avança para outros projectos. A mim faz-me lembrar o Campo da torre.