Em (prometido) modo Documentário
Ontem fui aos ouriços!
Embora ciente da crescente escassez, não deixei de dar seguimento à instintiva tradição familiar que me impele à maré, no fim-de-semana da lua de Fevereiro, para de lá remover uma sustentável quantidade dos ditos, os quais, acabam cozidos em agradável convívio de petisco. (É que desde que a iguaria tomou preço de venda, que esta tradição se torna cada vez mais difícil de concretizar já que logo em Janeiro os mercenários da apanha mergulham nos mares, rapando as pedras, devidamente encartados com licenças via Multibanco que julgam lhes outorga o direito de levar à extinção local deste recurso.)
Desci pelo escorregadio litoral e inspirei a plenos pulmões o misto de iodo e maresia que no recato da falésia, e debaixo do agradável sol matinal, se torna particularmente desafiador.
Enquanto a maré não atingia o seu ponto mínimo, lá fui compondo um pequeno-almoço em sushi de lapa e percebes, a que se seguiram os primeiros ouriços, todos intensamente aromáticos, apetitosos, marinhos, em emanações e sabores que se alojam no nosso património sensorial.
O mar então convidou-me. Recolhia-se, deixando um longo espaço intertidal onde me contorci procurando os equinodermes por debaixo das lajes dos serros. Mas logo, matreiro, devolvia-se em sucessão de vagas que me envolviam, deixando-me, por vezes, náufrago solitário em ilhéu rochoso, aguardando que a água de novo recuasse. E durante um par de horas respeitámo-nos neste jogo mútuo de ancestrais cumplicidades.
No fim da safra, cansado e esfolado, apurei quantidades para que não ultrapassasse o limite de 2 kg aqui previsto para a apanha lúdica diária desta espécie.
Fiquei descansado! Não foi mais que um par de quilos....e picos.
Embora ciente da crescente escassez, não deixei de dar seguimento à instintiva tradição familiar que me impele à maré, no fim-de-semana da lua de Fevereiro, para de lá remover uma sustentável quantidade dos ditos, os quais, acabam cozidos em agradável convívio de petisco. (É que desde que a iguaria tomou preço de venda, que esta tradição se torna cada vez mais difícil de concretizar já que logo em Janeiro os mercenários da apanha mergulham nos mares, rapando as pedras, devidamente encartados com licenças via Multibanco que julgam lhes outorga o direito de levar à extinção local deste recurso.)
Desci pelo escorregadio litoral e inspirei a plenos pulmões o misto de iodo e maresia que no recato da falésia, e debaixo do agradável sol matinal, se torna particularmente desafiador.
Enquanto a maré não atingia o seu ponto mínimo, lá fui compondo um pequeno-almoço em sushi de lapa e percebes, a que se seguiram os primeiros ouriços, todos intensamente aromáticos, apetitosos, marinhos, em emanações e sabores que se alojam no nosso património sensorial.
O mar então convidou-me. Recolhia-se, deixando um longo espaço intertidal onde me contorci procurando os equinodermes por debaixo das lajes dos serros. Mas logo, matreiro, devolvia-se em sucessão de vagas que me envolviam, deixando-me, por vezes, náufrago solitário em ilhéu rochoso, aguardando que a água de novo recuasse. E durante um par de horas respeitámo-nos neste jogo mútuo de ancestrais cumplicidades.
No fim da safra, cansado e esfolado, apurei quantidades para que não ultrapassasse o limite de 2 kg aqui previsto para a apanha lúdica diária desta espécie.
Fiquei descansado! Não foi mais que um par de quilos....e picos.
Como eu "invejo" esse passeio que fez recordar tempos idos.
Como dizes os “mercenários” do ouriço e não só, rapam, rapam
e nada deixam.
Mas o que vale é que o ouriço também aprende e procura outros
fundos.
Também invejo o passeio e sobretudo a " cozedura ", são coisas que não me passam pelo " estreito " há já uns anitos. Enfim, saudades.
Uma bela prosa _ que parece que poucos apreciam_ descreveu um cenario que por enqanto se repete.
Obrigado pelas suas , minhas memorias que gostaria de ter saboreado este rico mangar , de ricos , com um bom vinho das areias ?
Por aqui Ilha de Vancouver ha os quase gigantes chegam ao tamanho de um prato de segundo que usamos nas nossas mesas e que podera apreciar brevemente no
fielamigodepeniche blogs pot .com
Sao muito gostosos mas nao tanto como os nossos mas fazem um bom petisco.
Todos os anos os como apesar de ser um prato muito caro e nao os ha sempre durante a epoca .
Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada
nunca provei ... talvez um convite numa proxima oportunidade ?
ca fico á espera ....